Mais uma vez chegamos a um final de ano decepcionante para o Brasil. Nossas previsões para 2015, infelizmente, se concretizaram: agravamento na crise, fraca administração da Fazenda, corrupção desenfreada, dólar nas máximas, inflação subindo, PIB caindo e altas nas taxas de juros.

Claro, nossa tradicional aposta é mantida para 2016: todos os economistas e analistas vão errar as previsões para o próximo ano. Essa não erramos nunca! No começo do ano, as previsões eram de crescimento do PIB de 0,5% (sim, crescimento), dólar a 2,80 (!!!!), Produção Industrial crescendo 1% e inflação de 6,60% quase. Terminamos o ano com queda no PIB de 3,70% (por enquanto), dólar a 4, Produção Industrial caindo 7,7% e inflação próxima aos 11%. Nada mal! Dilma realmente dobrou a meta. De tudo!!!

Mencionamos no nosso relatório do ano passado que duvidávamos que os EUA iriam subir os juros. Tivemos a sensatez de mudar de ideia há 6 semanas da primeira alta dos juros nos EUA em quase 10 anos. Mandamos um relatório aos nossos clientes, avisando da nossa mudança de posição, mais uma vez acertada.

Apesar dessa alta (e de mais algumas que virão), não acreditamos que os EUA a manterão por muito tempo. É a primeira vez que o FED aumenta a taxa de juros com os dados da economia piorando. É a pior hora para se aumentar taxas, mas o FED teve que fazê-lo, caso contrário, perderia toda sua pouca credibilidade.

Assim, esperamos para 2016 mais algumas altas na taxa de juros americana, mas nada relevante. E, como dissemos no nosso relatório de 2014, é possível (e provável) a volta de um Quantitative Easing (QE) e de uma reversão da alta que veio agora em dezembro.

Continuamos sem ver melhoras na economia dos EUA. Aliás, estamos chegando bem perto de um teto nos preços dos ativos, se mantidas as condições atuais.

Não acreditamos que virão muitas altas nas taxas de juros lá, porque senão o FED causará o estouro da bolha que ele mesmo criou,  levando por água abaixo todo o chamado “efeito riqueza”, que ele quis construir.

Queremos salientar um risco que achamos que poucos estão levando em conta: o da não-recuperação da economia norte-americana e de um aumento no programa de estímulos à economia desse país – muito mais, porque poucos acreditam que os EUA ainda estejam em crise. Vale lembrar que no final de 2007 e no início de 2008, os EUA já estavam em recessão e o FED não se deu conta. Precisou da bolha estourar para que ele notasse esse detalhe. Acreditamos que esse pode ser o caso hoje, ou seja, os EUA podem estar em recessão.

Na verdade, se usarmos os índices de inflação verdadeiros (calculados pelo ShadowStats), veremos que os EUA ainda estão em recessão, com a economia crescendo menos que a inflação. Isso justificaria muitos dos números que estamos vendo: geração de empregos de baixo valor agregado (baixos salários), perda de empregos de elevada qualificação (especialmente no setor de energia, com a queda pronunciada do preço do petróleo). Usando, ainda, os números do ShadowStats, notamos que a taxa de desemprego nos EUA ultrapassou os 20% há tempos. É hilário ver os economistas dizerem que a taxa de desemprego na Espanha é 25%, enquanto que aqui no Brasil e no mundo ela é bem menor. A diferença é que a Espanha é honesta nos cálculos, só isso.

Quando o mundo se der conta da real situação da economia norte-americana e vir que tal recuperação inexiste – o que existe é somente uma alta nos preços dos ativos, devido aos programas do FED – QE1, QE2, QE3, Operação Twist – e que o próprio FED não tem a menor noção do que está acontecendo e voltar a imprimir dinheiro sem parar, veremos uma queda no dólar americano (talvez não contra o real, mas contra uma cesta de moedas, incluindo o ouro). Tal cenário trará repercussões importantes para a economia mundial, que acreditamos não estarem sendo consideradas.

Vimos durante todo 2015 mais programas de estímulos dos Bancos Centrais Europeu, Chinês e Japonês, com os mesmos resultados: alta nos preços dos ativos, queda na moeda e no poder de compra da população.

O que era inimaginável há alguns anos, tornou-se realidade: NIRP (Negative Interest Rate Policy) agora é fato em muitos países europeus. Já existem casos, em que os bancos emprestam dinheiro para pessoas comprarem imóveis e pagam juros sobre o dinheiro que eles mesmos emprestaram (?????). Realmente, não poderíamos inventar algo assim!!!

Os países europeus enfrentam sérios problemas por si sós, que vêm se agravando com uma imigração desenfreada de refugiados para o continente. Essa história não vai acabar bem, como já vimos nos atentados de Paris há pouco.

Na China, vimos crescer o risco de uma bolha imobiliária e esse pode ser um dos maiores riscos à economia global. Há anos, vimos falando que o crescimento chinês seria, na melhor das hipóteses, algo próximo a 3%, enquanto todos os bancos e analistas diziam que era algo em torno de 7%. Logo antes do Natal, a agência de notícias Xinhua reportou que o crescimento real do PIB chinês está entre 1% e 2% e que os números antigos eram literalmente inventados.

Como Li Keqiang, Vice-Premiê da China, admitiu em 2007, não devemos confiar nos dados da economia chinesa, com exceção dos de consumo de eletricidade, de volume de carga transportada por ferrovia e de empréstimos bancários. Por sinal, esses números indicavam uma desaceleração expressiva na taxa de crescimento.

Além do mais, vimos o preço do petróleo desmoronar, juntamente com o do minério de ferro e de outras commodities. Quando a economia da China era menor e crescia o mesmo tanto (os ditos 7%), os preços das commodities explodiam. Como é possível que a economia chinesa, agora muito maior que há alguns anos, possa crescer o mesmo tanto, mas com impacto negativo nas commodities importadas? Era impossível crescer 7%!!!

Levaram vários cortes na taxa de juros, diminuição do compulsório e desvalorizações, para que as Bolsas chinesas se recuperassem do crash esse ano. Não fosse isso, elas encerrariam o ano com quedas expressivas…

A Bolsa japonesa também subiu esse ano, devido, logicamente, a mais estímulos à economia desse país. É incrível que as pessoas continuem cometendo os mesmos erros, esperando resultados diferentes. O Japão vive um período tenebroso de baixo crescimento há décadas e nenhum estímulo conseguiu mudar isso. O que eles (todos) precisam são justamente juros mais altos e mais austeridade fiscal.

No mundo todo, os Bancos Centrais vêm imprimindo dinheiro e abaixando artificialmente a taxa de juros (algumas até oficialmente negativas), esperando fomentar o crescimento. O que eles conseguirão é uma inflação sem precedentes, uma desvalorização de suas moedas e perda do poder de compra de sua população.

Gostamos do ouro como um ativo real que protege os investidores contra a insanidade dos Bancos Centrais. Achamos que todos deveriam ter uma pequena exposição ao metal físico. Neste ano, o ouro novamente teve uma performance espetacular, subindo mais de 35%.

Como previmos no ano passado, 2015 foi um ano bem difícil. Essa previsão não desapontou.

Para 2016 gostaríamos de sugerir uma maior alocação em renda fixa. Prefixados estão pagando acima de 18% a.a. e títulos atrelados à inflação também são interessantes. Com uma taxa de juros nominal em 14,25% a.a., poucas alternativas se mostram tão interessantes como a renda fixa.

Agora não é hora de correr risco, agora é hora de preservar capital. Nós fizemos isso de maneira eficiente em 2015 e nossos fundos mais uma vez ultrapassaram seus benchmarks, com carteiras rodando acima de 130% do CDI, Fundos Multimercado acima de 120% do CDI e Fundos de Ações bem à frente do Ibovespa.

Nossa diferenciada visão de mercado e experiência internacional nos dão uma base sólida para a construção de carteiras com as melhores relações risco x retorno.

Agradecemos a todos pela confiança em mais um ano e esperamos poder trabalhar juntos em 2016. Que todos tenham um excelente ano novo, com muita saúde, paz e sucesso.

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