Estamos vendo uma crescente cobertura da mídia, especialmente da mídia financeira, a respeito das NTN-Bs. Pelo que temos lido/ouvido, os pundits estão ressaltando o investimento nesses títulos como o melhor ativo para se investir em 2017.

As NTN-Bs são atreladas à inflação e, à medida que a taxa de juros cai (com a expectativa de queda da inflação), esses títulos tendem a subir.

De acordo com a pesquisa Focus, do Banco Central, a maioria dos economistas espera uma Selic de 10,25% para o fim desse ano, ou seja, uma respeitável queda dos atuais 13,75%. Isso impulsionaria os títulos prefixados e aqueles atrelados à inflação.

O que ninguém está falando é que o mercado, já antecipando esse corte na taxa Selic, já precificou boa parte da possível alta nas NTN-Bs e nos títulos prefixados. No começo do ano passado, conseguimos comprar títulos prefixados para algumas carteiras a 18% a.a. Esse ano eles já estão abaixo dos 12%.

O que muitos provavelmente não estão considerando é o risco de algum problema no mundo (não estritamente doméstico) levar a uma diminuição no ritmo de cortes da Selic, ou até mesmo a uma suspensão ou reversão do ciclo de baixa, o que impactaria fortemente nos preços desses títulos. O grande ponto é que não faltam potenciais problemas mundo afora, desde a quebra do Deutsche Bank, de bancos italianos, espanhóis e portugueses, bolhas na China e nos EUA, colapso no Japão, conflitos geopolíticos, bolhas imobiliárias na Austrália e Canadá, guerras no Iêmen, Síria e Ucrânia, nova administração Trump nos EUA, Brexit, eleições na França, Holanda e Alemanha, além dos chamados cisnes negros, só para mencionar alguns. Obviamente, ainda existem os riscos domésticos, que não são poucos.

Estamos vendo mais e mais gestores e profissionais do mercado alocarem recursos de investidores nesses títulos e, quando todos no barco vão para o mesmo lado, o barco tende a virar.

Não estamos dizendo para os investidores correrem das NTN-Bs, muito pelo contrário, gostamos dos títulos e estamos investindo neles desde o final de 2015, tanto que foram responsáveis por parte da performance das nossas carteiras administradas, que subiram entre 114% e 160% do CDI em 2016. O que queremos é colocar esse investimento sob uma perspectiva global e verificar os riscos inerentes a essa aplicação.

Comentários

    Lauro araujo
    4 de January de 2017

    Importante esse comentário. Apostas pesadas no pre e nas Bs é muito risco. Mas acho que ainda tem upside no papel.

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