Grown Rogue: Visita às novas instalações

Por Marcelo López

Estive em Nova Jersey há uma semana visitando as novas instalações da Grown Rogue, que estão na etapa final de construção. Dentro de três semanas, as instalações já estarão aptas a receber as plantas.

Continuamos muito otimistas com a empresa. Ela é originária do Oregon, um mercado bastante desafiador, e acredito isso tenha contribuído para moldar sua cultura corporativa. O CEO, Obie, é focado em controle de custos, não tem escritório próprio (uma característica única dentre as empresas de cannabis que conheço) e mantém uma estrutura hierárquica enxuta. Qualquer pessoa que precise discutir algo, pode se dirigir diretamente ao CEO.

Para sobreviver no Oregon com baixo capital, a empresa teve que desenvolver uma série de controles internos, novas tecnologias e melhorar o material genético das plantas para surpreender e encantar os clientes. Hoje a Grown Rogue é reconhecida pela alta qualidade de sua cannabis.

E eles sempre estão focados na redução de custos. Abaixo, uma foto da futura área de plantio em Nova Jersey, onde o custo do aluguel é superior ao do Oregon. Para otimizar recursos, as fileiras de plantas foram colocadas próximas umas das outras, mas com rodinhas embaixo, permitindo que sejam movidas para dar espaço a plantas maiores ou para facilitar a passagem dos trabalhadores.

Fonte: foto do autor

Além disso, eles mesmos projetaram todo o sistema de água da instalação, que custou US$ 50 mil — empresas similares pagam US$ 100 mil para um consultor fazer esse projeto. Eles não só economizaram o consultor, mas também realizaram tudo internamente por um preço bem abaixo dos competidores. Pequenas ações como essas fazem parte da cultura da empresa, e isso é algo que valorizamos muito.

Gradualmente, a Grown Rogue foi se destacando e desenvolveu um modelo de negócios único no setor: ela firma parcerias com empresas em outros estados, nas quais ela aporta seu know-how, desde a seleção do material genético até o secamento das plantas, visando melhorar a qualidade e reduzir custos. Esse modelo de negócios é altamente replicável e modificou completamente a história dessa empresa.

Atualmente, partindo de uma pequena base no Oregon, a empresa já estabeleceu operações em estados como Michigan, Illinois e Nova Jersey. O plano é expandir para pelo menos 10 unidades federativas, com a meta de entrar no mínimo em um novo estado por ano.

Para se ter uma ideia do potencial do negócio da Grown Rogue, a empresa investiu aproximadamente US$ 4 milhões para entrar em Michigan e deve entregar US$ 6 milhões em EBITDA esse ano, apesar de o preço da cannabis ter caído cerca de 70% no período. Isso é simplesmente extraordinário. Em contraste, as grandes multistate operators (MSOs), que investiram milhões para entrar no estado, estão enfrentando dificuldades significativas. A diferença entre o desempenho da Grown Rogue e das MSOs é como água e vinho.

Em Nova Jersey, onde o preço da cannabis está em torno de US$ 3.500/lb, a empresa deve produzir aproximadamente 12 mil libras a partir do próximo ano. Mesmo que os custos operacionais aumentem em 20%, podemos projetar um EBITDA de pelo menos US$ 20 milhões. Esse salto na geração de caixa da empresa surpreenderá muita gente e destacará ainda mais a eficácia de sua estratégia de negócio. À medida que projetamos a expansão da Grown Rogue para mais estados e analisamos situações como as acima, torna-se evidente que a empresa está barata para investidores com visão de longo-prazo. A expectativa é que a geração de caixa aumente substancialmente a partir do próximo ano. Por incrível que pareça, pensamos na Nvidia para ilustrar uma comparação. Há pouco mais de um ano, o múltiplo preço/lucro da gigante de tecnologia estava acima de 220, levando muitos a considerarem as ações supervalorizadas. No entanto, alguns investidores já antecipavam um crescimento significativo dos lucros, o que resultaria na redução do múltiplo, conforme gráfico abaixo.

Fonte: Bloomberg, L2 Capital

Enquanto os participantes do mercado se limitam a debater a possibilidade de reclassificação da cannabis, preferimos investir em empresas que estejam crescendo — e muito — e que não dependam do bom senso dos políticos e das agências reguladoras para sobreviver e prosperar.

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