De acordo com um artigo publicado hoje no Wall Street Journal, a indústria do petróleo de xisto (shale oil) não ampliará sua produção — como amplamente esperado e noticiado por nós há algum tempo.
A extração de óleo de xisto representou uma verdadeira revolução global, impulsionada pelo advento das perfurações horizontais e do fraturamento hidráulico (hydraulic fracturing), técnica conhecida como fracking. Esses avanços tecnológicos permitiram que os Estados Unidos emergissem como líder na produção mundial de petróleo. Em 2008, o país produzia aproximadamente 5 milhões de barris por dia; atualmente, esse número cresceu para cerca de 13 milhões, consolidando sua posição no mercado energético internacional.
No entanto, consideramos altamente improvável que esse volume de produção possa ser ampliado, a menos que os preços do petróleo justifiquem tal movimento. Atualmente, os custos de extração de hidrocarbonetos dessas bacias são elevados. Na bacia de Permian, por exemplo, o custo de produção varia entre US$ 30 e US$ 40 por barril — sendo esta a região mais econômica. Já nas bacias de Bakken e Eagle Ford, o custo sobe para uma faixa entre US$ 40 e US$ 60 por barril.
Com o petróleo sendo negociado hoje na faixa dos US$ 70 a US$ 80 por barril, consideramos mínima a probabilidade de um aumento na produção nos Estados Unidos. Como os produtores norte-americanos operam em um ambiente de livre mercado, qualquer expansão na oferta deve ser economicamente justificável. Dessa forma, caso os preços do petróleo permaneçam nesses patamares, é pouco provável que ocorra um incremento significativo na produção do país.
Mas se os EUA desejarem ampliar a produção de petróleo e sem que seja necessário um ambiente de preços mais altos para justificar o investimento na indústria doméstica, qual seria a saída? Entendemos haver uma única alternativa viável: solicitar à OPEP um incremento na sua produção. E a maneira mais eficiente, rápida e economicamente viável para alcançarem esse objetivo seria a mesma adotada no início dessa década: mobilizar um número maior de jackups para operações no mar.
Além disso, conforme o artigo abaixo publicado hoje no Financial Times, a Vitol — uma das maiores traders de petróleo do mundo — projeta um aumento na demanda pela commodity, com o consumo atingindo seu pico no final desta década, alcançando aproximadamente 110 milhões de barris por dia. A partir desse ponto, a expectativa é de uma redução gradual, chegando a cerca de 105 milhões de barris diários em 2040.
Em outras palavras, e em total consonância com nossa visão, a empresa projeta que a demanda por petróleo permanecerá robusta.
A revolução promovida pelo petróleo de xisto foi extraordinária, mas é pouco provável que testemunhemos um fenômeno de igual magnitude novamente. Embora existam bacias promissoras na Europa, é improvável que sua exploração seja permitida pelas autoridades locais. Assim, a alternativa mais eficiente, rápida e economicamente viável para suprir a demanda global continua sendo a produção offshore, especialmente em águas rasas (até 140 metros de profundidade), que é o foco do emprego das jackups.
Enfim, estamos diante de mais uma oportunidade assimétrica, totalmente fora do radar da maioria dos investidores. As empresas do segmento de jackups estão sendo negociadas a uma fração do valor de mercado dos seus ativos, ao mesmo tempo, em que distribuem dividendos, reduzem endividamento, recompram ações e se posicionam estrategicamente para capitalizar sobre o próximo ciclo no setor de petróleo.
Estamos comprando essas ações muito avidamente e ficaremos surpresos se o mundo não as descobrir nos próximos 12 meses. Como diria Jim Grant, “investimento de sucesso é fazer com que os outros concordem com você… depois.”