Ação do governo chinês deve gerar crise

Mara Bianchetti – Diário do Comércio

 

O problema da China vai muito além de uma desaceleração econômica e passa por uma crise financeira que pode deixar para trás a mais recente desta dimensão, iniciada em 2008 e desencadeada pelos Estados Unidos. As consequências da instabilidade do mercado financeiro chinês podem ser igualmente maiores às vividas há oito anos em toda economia mundial. A avaliação e o alerta são do gestor de fundos da L2 Capital Partners, Marcelo López.

Segundo ele, a análise se baseia nos indicadores que a China vem apresentando nos últimos anos e ganham força à medida que surgem novos dados e informações sobre o comportamento do mercado do gigante asiático. A última delas diz respeito ao fato de o governo chinês estar preparando um plano para comprar dos bancos todos os NPL (non-performing loans – na sigla em inglês – ou créditos de liquidação duvidosa).

A proposta do Banco Central Chinês seria que os bancos e credores comerciais trocassem seus empréstimos por participações nas empresas devedoras. A justificativa é de que as novas regras reduziriam os NPLs das instituições, que ficariam com caixa livre para uma nova onda de investimentos, aumentando a taxa de crescimento econômico do país. A medida, no entanto, ainda precisa ser aprovada.

Na avaliação de López, embora a proposta pareça positiva em um primeiro momento, vai causar sérios problemas no longo prazo. Isso porque vai criar um círculo vicioso onde empresas inviáveis serão controladas por bancos.

“Essas empresas estão mal porque já são pessimamente geridas e não são lucrativas. À medida que entra uma instituição financeira no negócio, o mesmo se torna solvente, mas não pelas vias tradicionais. No futuro vamos ter um buraco sem fundo. É só uma questão de tempo”, diz.

Desvalorização – Para completar, segundo o especialista, a já esperada desvalorização do yuan chinês poderia se tornar ainda mais brusca, com o objetivo do governo de se evitar um cataclismo no país. Por outro lado, porém, os impactos no mundo e em países como o Brasil, as consequências seriam inevitáveis.

“Se em agosto do ano passado, quando China desvalorizou a moeda em 2% ou 3%, o real teve uma desvalorização fortíssima, imagine com uma queda do yuan entre 20% e 30%”, alerta. Uma das grandes preocupações de analistas é que essa desvalorização desencadeie guerras cambiais, gerando a desvalorização da moeda de outros países emergentes, na tentativa de se tornarem mais competitivos.

“Por isso, recomendando aos investidores a compra de ouro e prata físicos, que não podem ser fabricados à vontade, representam ativos reais e constituem reserva de valor”, finaliza.

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