Canadá impõe tarifas sobre veículos elétricos chineses, além de aço e alumínio

Por Marcelo López

A visually striking image depicting a Canadian flag and Chinese flag facing each other, with a symbolic representation of trade conflict. In the foreground, place an electric vehicle with charging cables connecting to the flags, symbolizing the impact of tariffs. Surround the vehicle with elements of steel and aluminum, such as sheets or beams, to represent the specific tariffs. The image should convey a sense of tension and economic conflict, using colors like red, white, and grey to emphasize the national symbols and industrial elements.
Imagem gerada por IA, ChatGPT

As tarifas distorcem o mercado e, em última instância, penalizam principalmente os consumidores — sim, estou ciente de que a China subsidia a produção de VEs, aço, alumínio e de muitas outras coisas. No entanto, é crucial reconhecer que as distorções geradas pela aplicação de tarifas podem desencadear efeitos de segunda ordem que, embora não imediatamente evidentes aos menos atentos, podem criar oportunidades de investimentos interessantes.

As tarifas tendem a gerar um impacto especialmente importante no setor de transporte marítimo. Há alguns anos, durante o governo Trump, foram implementadas duras tarifas à China. Em contrapartida, o país asiático suspendeu a compra de grãos dos EUA, criando um vácuo comercial que apenas uma nação no mundo tinha a capacidade de preencher: o Brasil.

Como resultado, a China comprou todo o estoque brasileiro de grãos, incluindo o que estava destinado ao mercado local. Como o Brasil não poderia ficar sem grãos, acabou por adquirir o excedente dos EUA. No final, quase todos saíram satisfeitos: a China conseguiu aplicar sua retaliação contra os americanos; o Brasil obteve lucros fenomenais vendendo mais caro e comprando mais barato; e os EUA, no final das contas, conseguiram vender o excesso de produção, embora a preços menores.

No entanto, houve um setor que se beneficiou de maneira muito mais significativa: não, não estou me referindo aos traders, mas sim ao setor de transporte marítimo. No final das contas, em função da triangularidade resultante da guerra comercial, os grãos foram transportados de maneira extremamente ineficiente, gerando mais demanda por navios e propiciando preços mais altos de fretes.

Observamos uma dinâmica semelhante após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, particularmente no subsetor de transporte de petróleo e de derivados, no qual os preços dos fretes subiram significativamente. Como o mundo continuou utilizando o petróleo, mas o Ocidente suspendeu a compra da produção russa (pelo menos em tese) a demanda por transporte para rotas alternativas subiu substancialmente, beneficiando os operadores de navios.

Sempre que há um desequilíbrio ou uma ineficiência no mercado, os produtos não desaparecem; em vez disso, são simplesmente redirecionados para outros destinos ou, por vezes, para o destino original, porém de maneira ineficiente, gerando maior demanda por navios. Esse é um dos efeitos colaterais indesejados das tarifas, cujos impactos são raramente discutidos e explorados por analistas.

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