Leonardo Francia
Tradicionalmente conhecido como um “investimento seguro”, o título do ouro ganha força em tempos de crises econômicas e agora não é diferente. Além de ser um objeto de desejo para as pessoas devido ao caráter histórico ligado a joias e coroas, o metal precioso, mesmo se não valorizar no mercado financeiro, pelo menos não sofre grandes variações, o que traz uma característica de estabilidade para investidores.
Com as crises internacionais, especialmente a partir da quebra do banco nova-iorquino Lehman Brothers, em setembro de 2008, que levou à crise econômica mundial durante 2009, e mais recente, com o rombo fiscal dos Estados Unidos e a crise na Europa, e, agora, com a crise econômica nacional, o ouro ganhou ainda mais força como investimento seguro.
Para se ter uma ideia, o preço da onça troy de ouro para negociação nas bolsas internacionais caiu de uma média de US$ 1.406,00 em 2013, para US$ 1.264,00 em 2014, e para US$ 1.182,00 até agora neste ano, uma queda acumulada de 16%. Mesmo assim, essa retração não tira o caráter de estabilidade do metal, tendo em vista que no mesmo período o preço do minério de ferro caiu mais do que pela metade.
Para o presidente da Associação Brasileira para o Progresso da Mineração, José Mendo Mizael de Souza, a retração das cotações do metal precioso reflete apenas uma reação pontual do mercado ao cenário mundial atual, com crises em alguns países da Europa e desaceleração do mercado da China, maior produtor de ouro. “Historicamente, o ouro sempre será um metal desejado pelo ser humano e tem diferentes usos, como na indústria e como investimento financeiro. Sempre haverá demanda e o comportamento humano continua essencialmente o mesmo”, disse.
Demanda – Sob a ótica da indústria, em função da manutenção da demanda devido às características do metal, que pode ser usado pela indústria ou como insumo para o setor joalheiro, além de ser “desejado” pelas pessoas, também continua em alta. Para mineradoras instaladas no País, Souza acredita que a estratégia mais adequada é manter a produtividade e repor reservas.
Do ponto de vista financeiro, o ouro, na avaliação do analista do Banco Geração Futuro Rafael Weber, continua sendo um investimento seguro. “Mas há que se tornar cuidado com a liquidez do metal como reserva de valor”, alertou.
Para o Estado, maior produtor e exportador nacional de ouro, o metal também é um produto fundamental para a balança comercial. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), no acumulado deste ano até agosto, Minas vendeu 1,7 tonelada a mais do que no mesmo período um exercício antes.