Lições do Mercado – O caso Marko Kolanovic

Não existe analista macro com track record superior a 5 anos

Por Marcelo López

No dia 4 de julho, um feriado emblemático nos EUA, tivemos a notícia de que o famoso estrategista do JPMorgan, Marko Kolanovic, havia perdido seu emprego. Marko, também conhecido como Gandalf, por ser comparado a um mago quando o assunto era investimentos, saiu do banco pela porta dos fundos.

Podemos extrair duas lições óbvias desse acontecimento. Primeiramente, fica evidente a dificuldade de realizar previsões macroeconômicas bem feitas. Kolanovic, reconhecido como muito inteligente, algo de que não temos dúvida, tinha acesso a uma equipe robusta de PhDs, softwares sofisticados e toda a infraestrutura de um dos maiores bancos do mundo para fazer previsões macro. Mesmo assim, cometeu erros significativos nos últimos dois anos.

Macro talvez seja a área mais fascinante no universo dos investimentos, conferindo uma áurea de genialidade a todos os que nela atuam. No entanto, fazer previsões sobre endividamento, câmbio, inflação, taxa de juros e outras variáveis em escala global é praticamente impossível. É como as sereias da mitologia: irresistível e sedutor, mas que frequentemente leva multidões de investidores ao naufrágio.

Preferimos focar em situações mais óbvias e que não dependam de grandes variáveis macroeconômicas, como crescimento do PIB, inflação e desemprego. Embora tenha um apelo menor, essa abordagem tem uma taxa de sucesso consideravelmente superior — e nosso objetivo é ganhar dinheiro, não parecer inteligentes.

Ressaltar que há um apelo menor não significa que esse modus operandi seja fácil; pelo contrário, ele demanda muito trabalho, pesquisa, viagens, discussões, análises e pensamento crítico e independente. Contudo, depois de todo o trabalho, quando as oportunidades se tornam claras, temos uma chance muito maior de sucesso nos investimentos.

A segunda lição óbvia é que, no mundo dos investimentos, estar errado por dois anos seguidos, independentemente de quem você seja, do que já tenha realizado ou do seu status, é o suficiente para perder o emprego (a menos que você seja Bill Ackman). Por isso mesmo, muitos analistas têm receio de se arriscar e preferem seguir uns aos outros e acabam não fazendo uma pesquisa totalmente independente.

A Bloomberg classifica os analistas e, isso faz com que praticamente todos se sigam mutualmente. Assim, raramente vemos um analista emitir uma opinião significativamente distinta ou definir um preço-objetivo para algum ativo extraordinariamente superior ou inferior ao dos demais. O lema parece ser: é melhor estar errado juntamente com todos, do que acertar sozinho.

Kolanovic não precisa que eu o defenda, mas o respeito à sua postura e coragem de se desvencilhar da manada e não seguir a maioria. Ele cometeu erros ao estar excessivamente bullish em 2022, quando houve o crash, e depois ao se tornar bearish em 2023, quando o mercado disparou. Agora, ele continua bearish, enquanto o mercado sobe e renova recordes. Talvez o crash que ele prevê realmente ocorra, e o JPMorgan tenha demitido seu estrategista-estrela no pior momento. Só o tempo dirá, mas as duas lições que tiramos desse acontecimento permanecem.

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