Rafael Siqueira
Temos abordado com frequência a insanidade das políticas monetárias atualmente adotadas no mundo. Além de juro zero e de programas de recompras de títulos de dívida, a antes impensável taxa de juros negativa foi adotada por países como Suíça, Japão e Suécia. Hoje, cerca de 1/3 de todos os bonds vendidos no mundo apresentam taxa de juros negativa.
Assim como nós, alguns expoentes do mercado financeiro enxergam esse cenário com muito ceticismo e preocupação. Semana passada, por exemplo, o bilionário e lendário gestor de portfólios, Stanley Druckenmiller, proferiu duras críticas às políticas do FED (Banco Central Americano) e salientou o ouro como sendo a sua principal alocação em moedas (isso mesmo, o ouro, que além de ser uma commodity, é também uma moeda – e tem valor por não se poder produzir com alguns cliques no computador) e recomendou a todos que fizessem o mesmo. Vale lembrar que Druckenmiller tem a incrível marca de 30% de retorno médio anual nas carteiras sob sua gestão e que, no meio do ano passado, ele declarou ter comprado mais de US$ 300 milhões em ouro. Logo em seguida, ele vendeu sua posição em ouro e comprou opções de compra de ouro – uma aposto muito alavancada na apreciação do metal.
Mais recentemente, outro bilionário e gestor de fundos de grande proeminência, Paul Singer, também crítico ao FED, disse acreditar que o recente desempenho do ouro, que teve seu melhor trimestre em três décadas, deve ser apenas o começo de um movimento maior. Isso, segundo ele, caso a credibilidade dos BCs do mundo junto aos investidores continue a minguar, na medida em que tentam com todas as forças desvalorizar suas moedas.
O JPMorgan parece concordar com a visão de Singer e recomenda aos seus clientes que aloquem recursos em ouro e se preparem para um longo Bull Market do metal, apostando que a recente valorização seja apenas o começo, destacando, ainda, o metal como um excelente hedge, num cenário em que bonds registram yields historicamente baixos.
Mas a nossa maior confiança no poder de alta do ouro veio mesmo da Goldman Sachs, que em janeiro recomendou que seus clientes vendessem ouro – e também vendessem a descoberto para lucrar com a eventual queda. Segundo a Goldman Sachs, o preço do ouro iria chegar nos USD1,000/onça (hoje está em quase USD1,300/onça, ou 30% acima do objetivo da GS). Vale lembrar que dos top 6 trades da Goldman para esse ano, 5 já foram “stopados” com prejuízo.
Guerra cambial, alavancagem financeira corporativa e governamental em níveis estratosféricos, ações com múltiplos esticadíssimos, trilhões de dólares em títulos de dívidas com yields negativos, nações emergentes desacelerando, Europa com problemas de imigração, Brexit, corrida presidencial nos EUA… Enfim, tudo parece apontar para uma única direção. Ouro e prata não são dívida de ninguém e não podem ser impressos ao bel prazer de autoridades monetárias. Por isso, mantemos nossas recomendações de cautela e de uma pequena exposição a metais preciosos físicos, como forma de hedge contra as instabilidades e insanidades dos Bancos Centrais.
Nossos Fundos aqui no Brasil apresentam alta substancial esse ano e nossas Carteiras Administradas no exterior estão tendo o melhor ano em muitos, com altas de quase 20% até agora.