Papua-Nova Guiné

Ano passado eu já alertei para o perigo de se investir em bonds (títulos de dívida) de mercados emergentes, especificadamente da Argentina e do Tajiquistão (esse foi realmente impressionante!). Justo quando achei que o pico de complacência dos investidores havia sido atingido, aparece mais essa: Papua-Nova Guiné está planejando emitir US$500 milhões em bonds de 5 anos com cupom de 8,5% a.a.

Para quem não conhece, a Papua-Nova Guiné é um país da Oceania com aproximadamente 7 milhões de habitantes e mais de 800 línguas diferentes. Sim, você leu corretamente: mais de 800 línguas diferentes em um país com apenas 7 milhões de habitantes! Deve ser fácil governar.

Mais de 80% da população vive na zona rural, cerca de 1/3 vive abaixo da linha da pobreza e a maioria absoluta é analfabeta. O país já foi colônia da Inglaterra, Alemanha e Holanda e, mais recentemente, da Austrália. Sua independência da Austrália veio em 1975 e a rainha Elizabeth II tornou-se a chefe de estado.

O país é classificado como B2- pela Moody´s, o que equivale a alto risco de crédito, e, de acordo com o prospecto de emissão dos títulos, o governo vai usar os recursos para refinanciar uma parte da dívida doméstica de curto-prazo e investir em infraestrutura.

Investimentos em infraestrutura são sempre bem-vindos, mas quando se investiga um pouco mais sobre em qual o tipo de infraestrutura eles querem investir, nota-se que são projetos para um Fórum da APEC (Asia-Pacific Economic Cooperation), ou seja, não têm valor e nem gerarão riqueza (vide, por exemplo estádios da Copa do Mundo no Brasil). Aliás, um projeto de infraestrutura que ficará pronto em menos de 2 meses realmente não deve valer a pena.

Além de desastres naturais – Papua-Nova Guiné fica no círculo de fogo do Pacífico –, o país é ranqueado na 135ª posição no Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional (o Brasil aparece em 96º) e a violência impera. O PIB do último ano foi de US$21 bilhões, o que equivale a menos de um terço do valor de mercado do Banco Itaú.

Se essa captação for bem sucedida, podemos esperar outras na sequência. Vários países estão em modo de espera para poder emitir títulos de dívida. Pode ser que o pior já tenha passado para os mercados emergentes (ou o sofrimento esteja perto do fim), mas daí a investir em bonds da Papua-Nova Guiné é outra história.

Abaixo alguns dados selecionados que obtive da Moody´s:

PIB per capita (PPP basis, US$): 3,675 (2017)

Inflação (CPI, % change Dec/Dec): 4,7% (2017)

Dívida Externa/PIB: 81,4% (2017 – Estimado)

Nível de desenvolvimento econômico: baixo nível de resiliência econômica

Histórico de calote: Nenhum default registrado desde 1983.

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