Fechamos mais um mês e chegamos (finalmente) ao meio do ano. Foi um semestre conturbado, com mudanças bruscas de direção e boas oportunidades para as carteiras nacionais e internacionais.
Começando pelo front doméstico, tivemos uma forte redução na taxa de juros, levada por menores expectativas de inflação em 2017 e 2018.
O Ibovespa, que subia cerca de 15% até fevereiro, entregou bastante da sua rentabilidade para fechar o semestre com alta de apenas 4,4%.
No campo político, então, não faltaram novidades, apesar das consequências estarem sendo decepcionantes. O ápice foi a divulgação de uma gravação de Joesley com Temer, que deixou o governo em frangalhos, tentando de tudo para manter-se no poder e suscitando sérias dúvidas sobre a governabilidade e capacidade política de conduzir a agenda de reformas.
Na parte internacional, tivemos um governo Trump sem capacidade de enterrar o Obamacare e sem conseguir passar o prometido corte nos impostos, base da sua plataforma política.
Na China, a bolha continua e acreditamos que uma desvalorização cambial possa acontecer. Aliás, gestores famosos como Kyle Bass e George Soros estão apostando que isso vá acontecer após o Grande Encontro do Partido Comunista Chinês, ao final de 2017.
Na Europa Mediterrânea, após as eleições, o principal assunto são os bancos quebrados em dificuldades (para se ter uma ideia do que pode acontecer com alguns bancos, basta ver os CoCos (Contingent Convertibles) do Banco Popular, que estavam na faixa dos 90 em março e terminaram o semestre em zero).
Na opinião do FMI, o Deutsche Bank continua sendo o maior risco à economia mundial, com sua enorme posição em derivativos.
A Grécia, que continua quebrada, saiu do radar dos investidores, que preferem ignorar a situação e contar com mais um resgate da Troika. Vamos ver quantos resgates eles conseguem até os europeus se cansarem dessa história.
Os efeitos do Brexit continuam sendo incógnitas, a imigração desenfreada na Europa não dá alento e a situação com a Rússia não está melhorando.
Nossa visão com relação aos EUA é sabida por todos, mas vale a pena reforçar a bolha nos mercados acionários, imobiliários e de bonds. O Índice Shiller aponta o segundo maior PE da história, superado somente pela bolha da internet no final do século passado (lembramos bem como isso acabou). As ETFs continuam se proliferando e dando liquidez aos investidores em mercados com baixíssima liquidez. Enxergamos isso com desconfiança e achamos que essa história não vai acabar bem.
Por fim, conflitos e potenciais conflitos continuam aumentando e já temos envolvidos Coréia do Norte, Iêmen, Catar, Ucrânia, provocações no Mar do Sul da China, Síria e alguns países africanos, como Sudão. Vale lembrar que a Primeira Grande Guerra teve início após o assassinato do arquiduque Ferdinando, ou seja, não é necessário que haja um evento absurdo para que o problema escale e atinja proporções consideráveis. Ter bons seguros, manter a liquidez e disciplina são fundamentais em momentos como esse.
Mais uma vez tivemos uma performance muito superior ao mercado, com as carteiras de renda fixa subindo cerca de 120-130% do CDI e as carteiras no exterior subindo acima de 10% no período.