Já falei bastante sobre o mercado de urânio e a grande oportunidade que está diante de nós. Na minha opinião, é uma excelente chance de aproveitar a irracionalidade de um mercado em que o preço de venda do metal é menor do que o preço de custo de extração, combinado com um cenário de aumento da demanda e de diminuição da oferta.
O aumento da demanda é algo natural. Enquanto o mundo crescer, haverá demanda por eletricidade. Além disso, em países emergentes, como China, Índia e alguns países africanos, à medida que as pessoas vão melhorando de vida, passam a ter acesso a mais produtos que demandam eletricidade, como telefones celulares, computadores, televisões, ar condicionado, etc. Nos países desenvolvidos, há uma demanda por energia limpa, segura, barata e confiável.
O urânio preenche todos esses requisitos, especialmente agora, após uma alta de mais de 40% no preço gás natural nos últimos 2 meses, que era a única energia mais barata que a atômica – embora o gás natural polua e o urânio não.
Vale lembrar que cerca de 20% da energia produzida nos EUA e quase 80% da energia produzida na França vem de reatores nucleares. A China, grande vetor de crescimento, líder na construção de novas plantas, também quer chegar à marca dos 20% – aliás, a China vem enfrentando problemas graves por causa da poluição e o investimento em energia atômica é não somente uma necessidade, mas também uma demanda da população. Estive em Taiwan no mês passado e conversei com vários adeptos da energia nuclear e, segundo me informei, já é bem disseminado entre a população a importância da diversificação da matriz energética.
Mas o grande desequilíbrio que está ocorrendo no mercado de urânio vem por causa do fechamento de minas. Esse ano será o primeiro em dez em que a produção de urânio será menor do que o consumo. E essa distância tende a aumentar com o tempo, ainda que o preço do metal suba no curto-prazo.
Vimos o preço da libra de urânio saltar de US$22, na mínima desse ano, para US$29 agora (máxima em quase 3 anos), mesmo com uma baixa demanda por parte das empresas de geração de energia. A demanda veio por parte de fundos e traders. Por falar nisso, mais um fundo focado na aquisição de urânio físico foi lançado essa semana no mercado, o Uranium Trading Corporation, que deverá enxugar ainda mais os estoques do metal no mundo.
Por causa da Section 232, que já expliquei nesse blog, as geradoras de energia estão sem contratar, ou seja, suspenderam a assinatura de contratos de longo-prazo com as mineradoras. A resolução final dessa história deve ocorrer até março de 2019, quando teremos um veredito do presidente Trump com relação a isso.
Então, na minha opinião, em 2019, veremos o começo de uma corrida para a contratação de longo-prazo de urânio. E aí a história fica ainda mais atraente.
Como mencionei acima, a parte mais interessante dessa oportunidade em urânio é justamente o fechamento de minas. Novas minas levam bastante tempo para entrar em operação – estou falando de pelo menos uns 10 anos no caso de países desenvolvidos. A Espanha mesmo mostrou há pouco o quão difícil é aprovar um projeto desses, apesar das receitas trazidas e do número de empregos criados, algo que o país não poderia se dar ao luxo de dispensar, mas o fez de qualquer maneira. Minas que estão em manutenção começam a produzir antes, mas ainda assim estamos falando de anos até a retomada total.
Essa corrida para contratação deverá expor a realidade do mercado: não haverá urânio para todos nesses patamares. Definitivamente, não nesse nível de preço. E aí poderemos ver uma correção de proporções ainda maiores da que aconteceu há pouco mais de 10 anos. Aliás, coincidência ou não, o último bull market de urânio começou da mesma forma que esse: com a suspensão da produção da mina de McArthur River.
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